sua cidade me silencia

você soltou um o amor não existe, pausei o spotify e discordei na hora. a sua frase me acertou tão velozmente que chocou meu corpo inteiro, como se fosse um meteoro atingindo o centro da terra. o amor não era tão complicado assim. a sua descrença era só mais um apelo, uma manifestação contra alguma desilusão amorosa, então eu decidi que iria ficar e mostrar quanto o amor era bom. mas você queria um tempo, um descanso. eu queria você.

eu podia escutar o barulho que se formava dentro de sua cabeça, você gritava de boca fechada em meio ao silêncio da sala e eu só podia abraçá-lo, esperando que entendesse que eu poderia te proteger de todo mal que existia. você me pedia para sermos apenas bons amigos e isso significaria me desapaixonar por você. eu não queria deixar de me emaranhar nos seus encantos ou me desprender dos seus braços. eu não queria desistir de você.

não, não.

eu não queria esquecer do amor que entrou em mim, nem da paixão que sucumbiu nós dois. ainda queria os seus olhos negros fitando os meus.

fomos rápidos demais.

toda aquela intensidade virou um misto de bagunça

e incerteza, mas eu ainda estava aqui por você.

eu enviava algumas mensagens, mas não eram vistas. eu cruzava o outro lado da cidade, mas eu não conseguia atravessar a cidade que você era. eu pedia ajuda aos amigos, Deus, universo e ao tempo, mas eu não te achava. esperei alguma mensagem, uma ligação e se você me dissesse naquela mesma hora, se me falasse que ainda existia amor ou qualquer outra coisa parecida, eu me jogaria de volta pra você. mas nenhum sinal seu.

você era um território desconhecido e eu já com a bagagem pronta fui atrás e estava tudo bem, até porque eu pretendia ficar. eu só não tinha mais a permissão de entrada.

eu contei o quão bom você era pra mim e tu se silenciou. falei mais uma vez, mas nenhuma reação sua. eu tinha em mãos um recomeço e você não quis aceitar. então te deixei ir. estava guardando um amor para alguém que não estava disposto a recebê-lo.